Fecharam-se pétalas de lírio branco sobre mim, como uma cabana
Sob elas me deitei de lado no chão abraçando meus joelhos
A suavidade se impôs a mim
Quando fechei os olhos pude vê-la em sua eterna benevolência
De pele branca cor de papel, e gélida, e suave como as pétala que nos cobriam. Uma pele feita da mesma matéria das flores. Braços longos e dedos finos me abraçaram e adentraram meus cabelos. Um colo imenso me teve, perfumada e segura. Pra sempre, eu sabia.
Chama-la mãe seria diminuir sua força, agora sinto ao buscar descrevê-la. Era ela na verdade a rainha da benevolência eterna, a consciência da alegria da vida por si mesma.
Te peço que me ensine, Rainha, a me amar como você me ama. Ficarei eternamente deitada em seus braços e colo gelados como um rio que está sempre a correr, e que me envolve corpo mente e espirito na certeza de seu amor.
Que tudo falhe, se dissolva, se estilhasse no chão como um cristal denso - estarei junto de ti para gargalhar disso e observar o prisma em cores se espalhar pelo espaço e invadir nossos corações.
Num mar de abundancia de amor, onda após onda, mergulhamos. Do outro lado saímos com os olhos cheios da profundeza misteriosa e radicalmente benévola da vida.
Te saúdo e te venero, Grande Rainha Branca. Me cubra sempre com suas pétalas e me dê seu colo, sem que precise buscar. Vamos juntas nessa brincadeira. Pensarei em você todos os dias e deitarei lírios brancos nas beiras dos rios, pra te presentear.