Uma estrada longa. E os pés descalços rasgados nas solas. E os tornozelos ocos, doídos. Uma doce lua brilhando no céu da noite... uma mulher chamada Iolanda vinha.
A estrada brilhava azul prateado sob seus pés. Dos lados um breu fecundo. A mata engolia seus gemidos noturnos. O próprio rio calou seus lamentos. Iolanda passava.
Narinas abertas e o suor escorrendo pela testa e entre os seios. A noite era fria, mas não para ela. Entre os finos e delicados dedos, entre os cabelos negros e sujos, entre os dentes de marfim gasto, o vento dançava em suaves rodopios.
Em sua boca entreaberta um arzinho cítrico se deitava. No puro contorno dos lábios mais de mil inscrições sagradas.
Iolanda carregava o mundo no ventre e suas pernas tinham a força dos deuses para não dobrarem-se sob tal peso.
Iolanda tinha os corações de todos os homens do mundo a pulsarem dentro de seu estomago.
Iolanda tinha o destino nos olhos.
Dentro de um lenço amarrado carregava a cabeça de três recém nascidos. O sangue ralo fugia entre as tramas do fino tecido, gotejando no chão barrento como água benta sobre a testa dos pecadores. Ela trazia a cura. A cura para o que nem o fogo, nem a água poderiam limpar: nós.