31 de dezembro de 2008

Travesseiro dos sonhos




Ana,
Esses anos passaram como um rio furioso. Eu não sei ao certo o que aconteceu, e onde foi que eu andei ou o que fiz. Ainda estou sonhando. Às vezes o meu peito aperta, como se tivesse algo a me dizer, mas eu não o consigo desvendar. Eu costumava te contar coisas bonitas e meus desejos de liberdade saudosista. Se nos encontrássemos hoje, tenho certeza de que não me reconheceria. Os meus sonhos já não me habitam mais. Parece que voaram, junto com você, para outros céus. Aqui me deixaram, porém, e eu permaneço.
Descobri motivos novos, e linhas retas que transpassam os corpos das pessoas. A minha linha me corta ao meio, vem do céu e perfura o centro exato do meu crânio, passa pelo centro de todo o meu corpo e se estica até o chão, passando pelo espaço entre a minha vagina e o meu ânus. Eu a sinto, volta e meia.
Escrever anda sendo muito difícil pra mim porque eu não nunca sei o que dizer. A tela em branco do computador parece questionar a minha existência e eu logo me enraiveço, frente ao silencio do meu cérebro. Eu poderia fingir que ainda existe aquele algo bonito em mim, mas tenho certeza de que eu nunca te enganaria. Você conhece a minha essência.
Eu posso sentir o seu olhar em mim quando estou sozinha, mas está tão distante como nunca esteve. E sem você eu me sinto só.
As musicas e as cores perderam o sentido. O meu quarto não me abriga mais. Ele está diferente e acho que você não gostaria dele hoje. Muito mais livros, um computador, um lustre, tudo o que eu precisava, não é?! Mas não é bastante. Sinto muito por ter me perdido.
Eu estou rasa, Ana; você não conseguiria nem afundar seus pés em mim.
Tudo era tão difícil e, muitas vezes rezei para que me perdesse logo de você. Pouca coisa me restou. Apenas a realidade. E todo o resto que fazia com que ela fosse linda, foi-se embora junto com você. Eu fiquei aqui tentando ressuscitar um cadáver. Estou tentando ser uma pessoa que não sou mais. Sou um morto-vivo, e Ana, eu preciso morrer. Não tenho mais muito tempo pra cruzar a linha. E eu sei que só conseguirei quando me deixar pra trás e ir até você, com meus próprios pés. Time for me to leave. For me to GO back to where i came from. Reencontrar a Beleza. A força benevolente. O vento.
Tenho tanta saudade, aninha.

15 de dezembro de 2008

A BELEZA DO MUNDO NÃO CALA TAP FUNDO OS NOSSOS CORAÇÕES;

BLOG DE MEEEERDAAAAAAA