17 de fevereiro de 2008

AI AI....

De quando em quando alguém faz ou fala alguma coisa que não me agrada. A pior dessas coisas e quando dizem algo que deixa claro que eu não sou especial e que a gloria não brilha em mim sem esforços. Eu não sou Jesus Cristo e a humanidade não vai precisar de mim quando sentir dor de cabeça.

É difícil identificar finalmente que se tem uma alma muito pouco ousada e que, mesmo que você tenha pensado as coisas mais fabulosas e preciosas do mundo, esses pensamentos virtuosos não o fazem alguém virtuoso. Até o mais vil dos humanos podem pensar os mais ricos valores, mas poucos – e eu não estou incluída nesses- os realmente possuem.

A cruza entre o tempo e o espaço me fez perecer na minha insignificância. É a ação, o fato de que ela existe e eu não posso me esconder dela, que me torna a poeirinha irritante que sou.

Tempo e espaço são dois fios que se cruzam e amarram os pés dos homens bem no fundo do inferno da existência. Esses somos nós, inteiramente inclusos no tudo que está irremediavelmente preso no Ser momentâneo.

Eu quero ser um Ser transcendente, mas ele não teria tanto glamour quando a bêbada atriz lamuriosa e deprimida por existir tão espremida nas molduras da vida, nesse espaço quase inexistente que é o Agora, por mais que seja a única coisa que exista. É incrível: uma coisa vem realmente atrás da outra e não tem jeito de burlar essa regra. Se pudéssemos ter duas horas em uma, ou dois espaços em um, ou todos os espaços e horas em apenas um instante – um instante infinito, claro- o que seriamos? Seriamos todas as possibilidades realizadas! O auge do poder da transposição da existência suprema em matéria. Seriam todas as cores e cheiros e olhares e sentimentos, os sons e brilhos todos juntos. Imagina todas as batidas cardíacas que um homem tem durante sua vida inteira encaixotadas em um só instante! Seria tudo branco e explosivo e leve. Seria, talvez a antimateria. E sem matéria não tem som, logo, nesse instante não existiria som algum. E todas as batidas juntas iriam fazer um coração humano parar e então ocorreria a morte.

Essa percepção de tempo e espaço como grandezas ligadas e feitoras da regra de uma coisa de cada vez é a responsável pela existência do homem. Como a abelha que, se visse as cores das flores não conseguiria delas extrair o néctar e então morreria por excesso de informação, nós homens temos de ficar presos nessas doses homeopáticas de vida. Em contra partida, essa regularidade ritmada com que a existência se mostra nos causa uma dor estomacal e uma angustia derivadas da ansiedade pelo todo, o qual, na minha opinião, conteria a dita verdade. Sem essa verdade o homem se sente uma mentira que o mundo contou a si mesmo com medo de ficar sozinho pra sempre. Uma mentira não deve ser levada a sério quando é descoberta mentira. Não nos levando a sério a depressão aumenta e então queremos nos matar. Mas temos o instinto animal e aquela coisa toda que nos diz: “isso é uma covardia. Uma loucura. Viva.” E então vivemos. Vivemos e ansiamos pelo quê, se tivéssemos, morreríamos.