Antigamente, nas estrelas, havia uma cabana. Nesta cabana, havia três cavalos – usando ferradura.
No moinho de trás está amarrada uma fita vermelha, significando o sangue de um homem que morreu afogado em ar, e depois teve parada cardíaca e sua pele oxidou enferrujadamente.
Nos corredores listrados de amarelo horizontal e fuligem de carro de um estacionamento. Um carrinho de supermercado. Uma cabine de forças, pneus e placas que eu não consigo ler. Aqui eu morro. Afogada.
Num quarto escuro e a porta entreaberta faz um caminho de luz que corta a cama com lençol florido e o chão frio e depois se perde na claridade da janela aberta. Com algumas arvores lá fora balançando, como se o tempo fosse mudar. Em algum outro lugar do passado existia naquele espaço uma casa de fadas.
Tudo caiu no chão se esparramando e foi como se meu próprio corpo estivesse derretendo e me puxando para baixo e eu sumindo atrás de uma montanha de engasgos.
Acreditar que tem alguém te ouvindo enquanto você sonha, alguém que está atrás da porta. Mas não há ninguém, e nunca houve. E a casa se assemelha à um palácio de mármore do tamanho do mundo e lá sempre é fim de tarde. E tudo fica amarelo vazio nas paredes e nos móveis, e seus sentimentos se confundem com um grande enjoo existencial.
Ou quando a sua cara abre na janela contra uma montanha verde e o céu azul azul, e as coisas podem florescer e ficar bonitas, ou um trator pode passar em cima de tudo. E quando você vê, é você mesmo esse trator, e você tem flores entre os dentes e está rosnando para todo mundo e agora você já não tem mais raiva nenhuma, só um grande sentimento de que não valia a pena você ter um dia ido naquele lugar, porque, afinal, você se tornou um cachorro rosnador.
Ou quando chega um momento da vida que você começa a acreditar que realmente.... – e aí você é apenas mais um boçal acreditando em merda. E você vê que na verdade, há mais boçalidade ali do que você enxergava, e aí você vê que no fundo você é uma vadia e se pergunta como um dia pôde se enganar de sua própria índole.