Rio de Janeiro, sensação térmica 60graus. Sonhei com você essa noite, sentia uma dor imensa na garganta, como se ela fosse explodir por eu não conseguir o que eu queria de você. Havia algo, mas não era o suficiente. Eu sou uma criança exigente.
Meu corpo está infestado pelo fungo cândida. Hoje acordei com ele escorrendo da minha vagina. Tomei antibióticos semana passada porque removi um cisto da testa. O fungo se beneficiou do desequilíbrio da minha flora, prosperou. Agora não sei se deixo meu corpo lutar por sua regulação ou intervenho com pastas em tubos e comprimidos coloridos.
O mestrado está em suspensão sobre minha cabeça. Fiz listas de tarefas e não cumpri nenhuma. Fico muitas horas de tela em tela, não sei ao certo fazendo o quê. Me pergunto se minha geração perdeu de vez a vida para as máquinas. Penso em Guy Debord e sempre na bala que enfiou em sua própria cabeça. De repente talvez o espetáculo ficou grande demais, e o corpo real demais, e esse gap entre um mundo e outro se chamava abismo.
Outra noite sonhei que estava gravida. Ontem vi um menino dormindo de costas, da janela da minha casa, uma criança, uns 6 anos. Tive vontade de ser mãe de uma criança de 6 anos.
Os domingos quentes me lembram você, e olha que hoje ainda é sábado. Eu poderia escrever isso todos os dias da semana. Tentei transformar em arte mas não consegui.
Há em nós um eu que narra?