27 de dezembro de 2006

Time to wake up.

"Ana, Ana! Acorde, minha pequena. Olhe o mar. O vento sopra tão, tão longe, tente entendê-lo. A água pode passar pelas suas pernas e não fazer nenhum mal, tente entendê-la! Olha para as nuvens, pra cima, vai ajudar no seu engasgo. Oh, pobre Ana, engasgou com o mundo! Olha pra cima Aninha, vá, não se concentre tanto assim no próprio estomago.

Abra os olhos minha pequena, meu anjo, abra os olhos, e pare de chorar, tudo não passou de um sonho, que coisa boba!

Gaivotas, canto das baleias, dor de frio nos pés (mas não se desespere, temos fogo) essas nuvens, ah Ana, olhe essas nuvens como são lindas, como elas pairam sobre a sua cabeça e te dizem com um sussurro que é tudo um banho de flores. Elas são dragões gigantes prontas para abraçar e beijar todos as crianças perdidas, como você.

Vamos! Seu corpo acaba bem na sua pele, não tente dilacerar-se para se unir ao mundo! Caber dentro do seu corpo não pode ser tão difícil...

Talvez você sinta falta das musicas do velho oeste, que você nunca escutou realmente mas que estão gravadas em um corte no seu braço esquerdo. Talvez você sinta falta das alturas, do gosto de terra ou de olhar bem fundo no buraco infinito que as pessoas trazem no peito. Talvez você sinta falta... mas vá lá Ana, que tudo isso você encontra depois da morte. Não anseie de tal forma, não tente agarrar o vento, não tente aprisionar as almas para vê-las presas dentro do seu vidrinho de guardar borboletas. Seu lugar é aqui, não em todos os lugares. Amarre-se nos próprios pés, e segure bem seu coração onde ele deve estar: dentro de você. Não vá perdê-lo em qualquer rua, por mais amor que você tenha a ela. Não vá deixá-lo com qualquer um, por mais que você queira. Não vá esquecê-lo nas lembranças. Na vá Ana, não vá, enterrá-lo perto do rio só porque as suas elucubrações malucas te dizem que você precisa se doar ao mundo.

Escute, minha pequena, o sangue é seu, os olhos são seus, a vida que é tua só corre nas tuas próprias veias! Caiba em si! Pare com isso de se reconhecer nos olhos de todos que passam na cidade, pare de brilhar nas luzes dos aviões lá no alto, pare de se diluir no mundo.

Vamos Ana, acorde. Acorde Ana, acorde. Tudo isso não passa de um sonho."

15 de dezembro de 2006

Hey You

Sabe você, às vezes a gente não tem muito o que dizer. Eu chamo isso de pensamento rápido: as idéias são tão ligeiras que passar pela cabeça e não deixam nenhuma palavra que possa ser usada na descrição delas. Mas não acredite nisso. Foi só uma desculpa que eu inventei para mim mesmo para não me sentir mal sobre a minha mente lerda e queimada pelos muitos tragos de cigarro e bebidas fortes que se assemelham àquela água que sai dos sacos de lixo preto das encostas das ruas dos grandes centros.

Então, sem as palavras, ficam só os tropeços de uma vida falha. E o sangue derramado no asfalto, e moscas presas na garganta, e uma dor... uma dor muito grande no peito. Enfisemas. Enfisemas doloridos, causados por mais nada além dos tropeços anteriores. Chato pensar que não dá pra ser diferente. Que atrás desse grande muro de concreto, que todos da minha juventude tentam escalar ou explodir, não há nada além de uma continuação espelhada de tudo que já existe aqui, e as pessoas que lá andam são nós mesmos poucos anos mais velhos.

Perdemos a inocência quando olhamos o horizonte e vemos não mais a Deus, mas um mar de óleo borbulhante. Perdemos a razão quando podemos sentir esse óleo queimando nossos pés e nossas peles sendo desfeitas. Perdemos o coração quando não mais sofremos por isso. Mas perdemos a nós mesmos quando sofremos, sentimos e vemos isso tudo. Fazer o que? A loucura paira aqui, não a ignorarei. É um preço que se tem a pagar pela verdade: nossos próprios corpos.

Iluminados são aqueles que conseguem, mesmo engolindo toda a podridão que essa loucura evidencia, apenas ser. Eu não consigo. Então eu fico mudo.

1 de dezembro de 2006

...

Em relação a competência V – recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando as diversidades socioculturais- sua nota foi 62,22, o que te situa no grupo de desempenho considerado entre regular e bom, sendo a media nacional de 37,67.