14 de outubro de 2008

CRY, BABE

Não teve fome, nem frio, nem dor. Fazia três dias que Ana não comia, e lá estava ela, de pé e a respirar. No meio da rua, as pedras eram cobertas pela grossura das águas. Por ela, a transparência da chuva fazia seus órgãos cintilarem por debaixo da pele. Não é fácil ser uma pessoa boa, como ela desejava desde menina. Não é fácil. Na verdade, era mais difícil do que qualquer outra coisa. E depois de querer morrer por seus próprios erros, depois de querer vomitar seu estomago, depois de chorar o mundo com todas as suas angustias, ela simplesmente sabia que era preciso seguir em frente. E fazer o melhor possível. E usar a cabeça. (o coração é um órgão traiçoeiro).

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