22 de abril de 2009

ANFIGURI

A partir de agora eu me chamo outra coisa. Tenho outra pele e outro sexo. Vivo em outro lugar, eu continuo sem muito o que dizer. Porque esses minutos parecem anos. E eu estou perdendo o tempo que foi tão difícil de achar. Eu estou enchendo os copos de lagrimas - sem nenhuma tragicidade - e parece que faz tanto tempo, tanto tempo, tanto tempo.
Eu não tenho nada pra dizer. Eu não tenho nada pra dizer. Eu não tenho naaaada pra dizer.


Emoções e coisas que ela disse, vão cair e desaparecer em um lugar escuro.
Sangue escorrendo pelo buraco da fechadura do quarto dos pais. Lá fora tudo escuro. Ar gelado entra e refresca a sala de estar de dentro do meu estomago. Lembro quando imaginava lobos uivando no alto da colina na frente da casa.

O elefante no deserto anda lentamente, pausadamente, arrastando atrás de si uma concha do dobro de seu tamanho. É a sua casa. Ele não sabe que não precisa dela. Depois ele morreu de sede. Que nem eu. Eu vou morrer de sede. E virarei apenas casca. Quando um urubu vier comer minha carne morte ele ficará decepcionado ao encontrar nada. Só pele seca, e dentro dela um bilhete: “foi mal.” Sempre tive piedade nas minhas palavras.

Esperando vir alguém esperto para me mostrar o caminho.
Dean morreu, bêbado e cocainado, nas estrelas, sorrindo.

Foda-se tudo.

Foda-se.

Eu vou olhar pra televisão. “acho que essa é a solução”.

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