10 de outubro de 2009

Você poderia me dizer o que isso significa? O fato de estar só a essa hora da madrugada sem nada que realmente importe à fazer?
Poderia me dizer o que significa só? Sozinho? Solidão? Se deixar só, permitir-se só e ao mesmo tempo não querer-se. Não querer-se também em grupo, ou não querer-se assim, tal qual figura no instante momento, no instante da situação? Não ter-se. Não querer-se, acima de tudo, não querer-se.
De onde vem, pra onde vai? A onda de gigante potencia descontrolada. O que não se vê, não se acha. Outra língua de saberes. O não pertencimento a si. Uma felicidade que não causa inveja, que não faz querer-se a outros, que não interessa. Um pensamento que não interessa, que não responde ao mundo, o indizível momento de solidão que se perpetua, que não se sabe quando nasceu (nasceu talvez contigo, no mesmo ventre, com ele dividiu-se o berço, a mãe e o pai, seus sapatos, suas palavras aprendidas, conquistadas, são as mesmas) que talvez morra depois de você. que o verá morrer, que rirá de você enquanto você morre, enquanto você não quer mais nada lá: ele, ali, imutável, familiar, indecrepto.

Talvez a depressão seja a principal arma contra os jovens revolucionários. Isso qualquer coisa que faz acreditar que não vale a pena querer (querer-se), viver, ousar, não permitindo o desdobramento de um pensamento deslocado, que possa ser nocivo ao já locado.

2 comentários:

Madame Fatah disse...

Eu li, Nina.

LuCais disse...

Eu também. E via sua cara preocupada escrevendo. Franzindo a testa em "por quê? por quê? não é justo"