3 de agosto de 2011

Sem apoio.


Físico. Eu digo que não é nada além de veia, sangue, carne, músculo, pele, osso, e os espaços entre umas coisas e outras.

Na base da coluna passa um ar frio, como se houvesse ali um buraco, vazando espaço, vazio. Aí gela e arde. A base da coluna arde.

Outras coisas apertam. Mas se eu pudesse dizer de outra forma, simbolizar, talvez, sei lá. Talvez eu pudesse entender melhor o corpo por dentro. Talvez pudesse fazer o buraco fechar, pelo menos agora que estou tão aqui querendo me bastar, conter, descansar.

Fazer teoria sobre si mesmo, assim: sou assim por causa disso e sofro quando aquilo acontece. Não vou ali, pois me conheço. Sei que isso é isso e aquilo é aquilo.

Eu não sei. Eu sinto apenas as coisas encostando em mim, saindo, dissolvendo com a musica, com o calor, com os olhos das outras pessoas. Eu peço assim: me dissolve. Me abre espaço, me fecha espaço. Me carrega ou pesa sobre minhas pernas.

Sou um corpo infantil.

Posso dizer: comi caroço de melancia. Tá nascendo uma planta dentro do meu estomago! Não quero que ela cresça. Tenho que parar de pensar nela!

E aqui! Minhas mãos estão descascando, como uma casca de árvore! Sou velha como um carvalho! Eu abrigo passarinhos debaixo dos meus braços. Eles cantam e eu fico feliz.

Meus olhos estão embaçados como os vidros do carro que agora sobe a serra, nos meus sonhos. E meu rosto se contrai, quero ver! Quero enxergar melhor! Quero mexer e saber para onde caminho! Estou tonta. E então eu acordo, era uma fantasia, num país distante, mas ainda assim, não estou livre.

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