30 de outubro de 2016

inicio de pensamento sobre vestigio

O altar dos bebês abacates está enfeitado com flores secas. Dois potes de canela se vêem pela primeira vez e se apaixonam. Isso tudo acontece ao lado esquerdo da minha vista, enquanto eu cozinho ao fogão. Um estranho habito, como eu me percebo aqui.
O espaço é vibração de estar: freqüência cardíaca e cerebral.
O tempo não se toca.  Me sinto agora, quase impossível dizer, impossível dizer como. Por um segundo olho pra mim mesma nos olhos. Vertiginoso, eu olho pro que eu sou.  Será que a situação resvala ainda pro mesmo lado? Os lugares, antigos lugares de vida,  desses que quando a gente olha bem sempre está lá, em algum lugar. Essa pedra de repetição de si, o que sobra, quero livrar-me. 
Aproxima-te de mim , é como caminhar descalça na escuridão. Abrir o terceiro olho, filha. Tateia esta estrada na qual segue. Os tons diferentes de preto que se vê no interior das pálpebras. Os cheiros. Escuta com a nuca, fala com a barriga, abre o peito, se reintegra, abrindo espaço, pedindo licença pros habitantes etéreos do mundo. Seguirá na força do caminho que vem de dentro do teu peito, que jorra fazendo estrada à frente, a estrada que se faz no caminhar. Nada melhor do que a boa e velha presença.



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