5 de novembro de 2010

vivendo e aprendendo

que pagar de gatinha é a melhor solução

2 de novembro de 2010


massagear a cabeça dos mortos

feliz dia dos mortos

Não sou muito dada a encontros. Se as coisas que carregamos dentro de nós fossem água, a minha água dificilmente se misturaria com as outras. E não posso esconder. Ainda mais agora que estou meio assim, desacreditada. Uma coisa de cada vez, nesse tempo interno bastante lento quando comparado à movimentação das coisas, a rotatividade de pessoas, a rotatividade de paixões.


Eu nasci para ser uma flor, ninguém entende isso. Deveria ter uma cerca em volta de mim dizendo – não toque.

28 de outubro de 2010

porco

Eu estou procurando qualquer coisa que me leve de mim até você. Vocês podem me ajudar? A suicidar a distancia. A suicidar o ruído. A me transformar num espelho.


Eu vim até aqui para promover um suicídio. Para contar a historia de um homem que vai morrer tentando chegar nessa ilha, no caminho. Morrer aqui. eu queria que vocês vissem esse corpo do homem. Queria poder mostrar os fenômenos que aconteceram dentro dele durante sua busca.

Queria que vocês me vissem, para ver o homem. Preciso que vocês olhem pra mim.

Eu posso tirar a roupa para vocês poderem em ver melhor. Vou dizer que aqui tem pele, vocês podem ver. Pés, tornozelos, canela, coxas, sexo, barriga. E o que tem por debaixo da pele: memória, machucado, respiração, coração, enjoo, medo.

Tem o que não está aqui = o mar atrás da parede, as ruas que vocês andaram, sete bilhões de pessoas existindo agora no mundo. Os portões do teatro, as coxias, a cabine de luz, o palco, todos nós e o silencio.................

Tenho vontade de abrir aqui o meio do peito para mostrar o que tem por debaixo da pele. Para promover o nosso encontro, que é onde o homem morre. Aqui. Tentando chegar até você.

Eu estou procurando qualquer coisa que me leve de mim até você. Vocês podem me ajudar? A suicidar a distancia. A suicidar o ruído. A me transformar num espelho.

Ele levanta da cadeira, vendando. Ele caminha pelo corredor da sala até a escada. Ele sobre as escadas. Ele caminha até mim. Ele olha de volta.

21 de outubro de 2010

17 de outubro de 2010

A estima completa por uma pessoa define. Qualquer tipo, é assim que se define. Quando nada naquela pessoa lhe é indiferente, em nenhum dos setores de acontecimento e estado. Quando se conhece ou cabe em ti as partes todas daquele. Enganam-se quando pensam que é bom. é tudo, e em si se alimenta, só podendo então ser tudo em sua extrema potência, gerando o colapso de dois mundos interiores. Ele está no entre de dois corpos que tendem a se fundir pelos opostos. É catástrofe. Memória apaixonada, cuspida por todas as veias, os extremos do grotesco e do belo ali. Impregnação dos sentidos. Invasão das camadas mais baixas da consciência, apreensão expropriada, todos os opostos listados em anos de poesia romântica. devem ter sido queimadas,pela falta de coerência, pelo ridículo, pela miséria. por dizer que coisas que matam as pessoas como um raio.

é como a sensação mais forte do mundo perdida, no espaço de dentro da barriga e pelo ar envolta e em tudo, uma coisa que fica no esquecimento dos outros. um delírio, pane na regulagem dos humores, uma lógica maior regendo seus órgãos. é uma dança que a música só pode ser ouvida por uma única pessoa, ou por duas.

E dançando, o corpo esticou-se e contraiu-se diversas vezes, de forma que os músculos apareciam e desapareciam por debaixo da pele, e a respiração era notável. as pupilas enormes por trás dos cabelos caídos em mechas duras de sal e água, suspiravam o ar febril de uns 40 graus. de olhos cegos e peito em carne. Dançava em direção ao abismo, por uma terra seca de barro os pés em fortes fricções contra o piso.

podia ser confundido com o corpo de um ser mitológico, pois urrava silenciosamente as canções de todos os homens da terra e de todos os tempos que já estiveram na mesma cólera e dela morreram. o corpo dançando em direção ao grande abismo.

pois para ele não houve escolha de destino, arrebatado para o outro estado de existência, de forma gradual, até que não pudesse mais falar, ver e compartilhar da lógica dos outros homens. primeiro se encontra alheio, possuindo agora uma alma sem resposta à qualquer estímulo do entorno, parecendo ausente se si, vazio. A comida, a bebida, os prazeres e os outros apresentam-se desprovidos de suas qualidades e, não compreendendo tal fato, o homem se põe em uma busca obstinada por sua reconquista. o mundo abrindo novamente a sua face cínica, uma piada de mal gosto sendo contada em cada esquina. torna-se cerâmica, branca, quebradiça. esquece-se o próprio nome.

quem é? igualmente estou sem nome! não posso olhar a 45 graus acima do horizonte! eu já estive lá, onde você diz que está. eu estive lá. me lembro dessas cores, das roupas que você usa, das caras das pessoas com copos de cerveja na mão e muitas joias. lembro do timbre dessas vozes. Lembro que um dia tive sensações como essas. não são mais minhas. eu me lembro que há algo de dentro de mim que devo ter deixado nesse lugar, perdido. como um pulmão ou o coração!

o marinheiro foi embora pelo mar azul claro e branco. eu fiquei sobre uma porta, de pé sobre ela, no mais aberto dos mares, boiando.

disse: você, meu amigo, para mim é tudo. é único e igual nunca terei. teu cheiro apaixona meu olfato, e sua forma é a única que por meus olhos reconheço. em mim tem uma fortaleza, em mim ergueu seu império, e isso se deu sem que eu tenha qualquer explicação. Neste breve encontro, meu amigo, ganha para ti a minha alma.

e desejando intimamente que aquele encontro não mais acabasse, observou a pequena embarcação sumindo, a 45 graus acima do horizonte.
bien bien mi Michelle parece que vemos muy bien la quema en el infierno tienes esta cosa que me considere su único arte de coger a la gente.