28 de julho de 2011

ESTAVA ALI DE PÉ, OLHOS FUNDOS
NAO SEI MESMO DIZER, ASSIM, MUITO POUCO SÓLIDO
AS MÃOS NOS BOLSOS ESMAGAVAM PÓ DE TABACO

ESSA FIGURA, MARROM E PRETA, O CORPO OCULTO POR BAIXO DA LONA
FOGE DA VISTA
NAO ENTENDO NAO DEIXO ESTAR
QUERO VER
NAO POSSO

MAIS A ESQUERDA,NO CHAO, NO CENTRO
O CORPO DE UMA MULHER BRANCA, DE OSSOS BRANCOS, LISA
A CARNE DORMENTE RESPIRAVA, ALHEIA DE SI
ELA ESFREGA A LONA QUE A RECOBRE O ORGANISMO
O QUE HÁ POR BAIXO DA PELE?
GAIVOTAS, AREIA, O MAR
BREU
VERDADES
A INTENSIDADE LIVRE DE SIGNIFICAR
POR BAIXO DA PELE, CAINDO DENTRO DO PRECIPICIO DA PELE
PULSA FRACO O CORAÇÃO DELA
UM SEGREDO ENVOLVE O CORPO

eu aqui sou duas pessoas míopes

um homem respira pelo instrumento. a porta abre na simultaneidade do torcer da coluna
as duas uma.

na vida é como no amor

8 de junho de 2011

Eu estou sendo suspendido pelo pescoço. A cada quinze segundos, eu tenho um medo terrível de cair. A cada quinze segundos eu tenho que voltar para o lugar onde eu falto. Se tudo flui muito.. eu tenho medo.

30 de maio de 2011

Você vai ter que gostar de mim do jeito que eu sou. Vai ter que gostar.

9 de abril de 2011

Give me death


Para andar nas ruas que eu não conheço, e transar com pessoas que eu não conheço, e me ver de uma forma que eu não conheço, para esquecer os percalços de se saber quem se é, inclusive a idiotice que é isso.

Para beber coisas fortes, para lembrar de Allen Ginsberg, para estar em São Paulo porque lá a selvageria não leva ao mar.

Pra esquecer que amor romântico existe, pra não quer isso, para odiar isso, para nunca nunca lembrar disso

Pra fazer raio x do corpo e ele aparecer sem coração

Para o corpo andar sem coração, para viver sem coração, para ele não conhecer a diferença entre a vida e a morte.

2 de abril de 2011

Encontro a ventania dos olhos. HOJE ACORDEI COM MEDO. Encontro o deserto das mãos. Por trás do raciocínio há uma buraco negro. Penso. Evito o buraco negro. Sorrio e aceno. Lá se vão as pessoas. Agora estou aqui, muito distante. O mundo é mestre em desbancar orgulhos. As espectativas são buracos cobertos de folhas. O andarilho está ciente de nunca mais poder andar: ele segue relembrando a eterna presença do nunca mais. Aliás, podemos morrer, enfim.

27 de março de 2011

antigamente eu achava que a fome no mundo era, em grande parte, causada pela enorme quantidade de oferendas de comida que são feitas nas encruzilhadas para deuses pagãos. eu pensava - alimente homens e nao deuses, como slogan pessoal.
alimente homens e nao deuses continua sendo uma boa ética, mas nao por esse motivo.

quais deuses alimentamos?

26 de março de 2011


Barbatana de baleia

Não posso precisar o que é. É um movimento que faz meu estomago frio. Que tira a fome, como se eu estivesse doente. E um medo. Um medo do tamanho do mundo, apertado todo dentro do meu corpo; eu exalo isso, eu cuspo isso, eu estou contaminada, e você vê.
Medo de sentir falta, medo de sentir presença pois depois virá a falta. Medo do quão oscilante é essa superfície de apoio: palavras, gestos e olhares. Como pode? É suicídio! E tem gente que faz isso! Que vive assim! Como pode? É suicídio! Eu mesma vivia assim!
Eu não sei dizer se é bom. Não é questinável, não é essa a questão.  É dor de crescimento, de prazer. Dor de prazer de encontrar olhos. Dor de medo do prazer. Vicioso.
Todo apaixonamento deve começar assim. Doendo. E terminar também.