Poesia concreta é para os fracos. Pra essa gente que não sabe o que faz e não tem jeito melhor de viver.
Eu fiz 25 hoje e ainda tenho fome. Se ao menos me restasse o puritanismo... Mas nem a navalha mais desdobra em mim qualquer sentido.
O mundo inteiro se enche de si mesmo e eu aqui com a minha palidez ridícula. Se ao menos me restassem os corvos...
O mar poderia estar em alvoroço que nem assim eu temeria a morte. Se ainda me restasse o rum...
E enquanto essa ausência toda me estanca, o passo inconstante prossegue no chão. Se ainda me restasse o giz... E uma cegueira de gente pobre e feliz... Se ainda ficassem rabiscos, se o papel estivesse rasgado, se o céu inteiro chorasse...
Enquanto a pele seca se estica nos meus joelhos, ele deseja mesmo era estar ralado. Se ainda me restasse o concreto áspero...
Eu deprimiria um palhaço!
O faria chorar todos os risos e ainda assim sairia intacta.
Tem jeito de ser mais nada? Tem jeito de ser mais nula?
Se ainda me restassem os circos...
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