8 de setembro de 2006

quando as palavras somem e te deixam com cara de idiota mudo, pelo menos nao se pode gritar.
o mundo te espera sedento lá fora. e aqui dentro? mais de um milhao de vezes olhei nos teus olhos e eles pulsavam como laranjas loucas, transpirantes. mais de um milhao de vezes eu nao soube bem o que fazer. mais de um milhao de vezes eu sonhei com o dia que nao existesse mais um milhao de vezes.
todos se desfazem como bolhas coloridas e finas. que confusao, pensei. que confusao.
se tem algo que realmente quero agora é estar naquela sala escura, sem qualquer luz que me fizesse julgar as sombras, nos teus braços. nos teus braços. em completo silencio mental, em extase, em paz. nos teus braços. sem mais um milhao de vezes, sem questoes.
pode uma mente tao pobre prever se nao o obvio? o futuro me parece uma boneca de porcelana rouca. os anjos nao voam tao facilmente, querido, eles precisam de ameaças. por isso é bom manter sempre um revolver debaixo do travesseiro, para as noites insones, para as criancas rebeldes, para o lua que insiste em estar longe, tao longe.
mas nao vou me precipitar... reparei bem no garoto de pupilas dilatadas e maos ageis e vi, infelizmente eu vi, que nem ele pôde se livrar de si mesmo. que miseria, pensei, que miseria.
colapso moral.

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