Ela deve deixar a casa; ela vai se sentir sozinha.
Deve pegar essa estrada longa, e os passarinhos a vão seguir pra sempre. Ela tem medo. Ela tem muitas vozes dentro de si. Ela logo vai cansar. Logo ela vai aprender a perdoar a morte, a solidão e a preguiça. Logo ela vai se libertar do ócio. O céu a vai acompanhar sempre. Ela vai se deitar em qualquer lugar, debaixo das nuvens brancas e do sol fraco. Ela vai se unir aos forasteiros com violas e tabaco e vai ensiná-los a amar. Vai receber agrados dos ventos, vai ser portadora dos segredos das pedras e das arvores milenares. Ela vai comer a terra e as folhas, vai mergulhar no rio claro, vai abraçar águas revoltas.
Ela vai se esquecer de usar talheres, vai comer com as mãos. Vai esquecer os dias, as horas, e todos os vícios do tempo. Ela vai se esquecer do terror, e fazer o mundo nunca mais sentir dor. Ela vai cantar na língua dos lobos. Vai se apaixonar por uma margarida. Vai molhar os pés à noite, sentir o frio nos ossos e por isso rir. Todas as iras serão cócegas. Todas as chuvas serão sagradas. Ela vai florescer.
Ela vai se tornar um deus, todas as coisas, todo o amor.
Ela quer levar você com ela. Quer te cantar uma musica e dormir nos seus braços. Ela quer beijar os seus dedos, olhar nos seus olhos, cheiras seu cabelo.
Ela deve deixar a casa. Ela deve andar por uma estrada. Ela quer te dar a mão.
Um comentário:
Flor, você floresce como seu eu-lírico e seu futuro só lhe promete coisas belas e férteis porque você merece uma eternidade de paz interior. Em conversas de eternidade só me vem a língua seu nome e em todas as outras eu estou ausento à pensar em ti. Floresca ao mundo e seja tudo que pode ser. O mundo será sempre um espetáculo e você é a vida fogosa de todas as cenas. Temos uma casa como nenhuma outra, e as paredes nos guardarão na memória até o fim dos tempos, durante qual moraremos nas nuvens roxas da lua cheia. Peço-te perdão e prometo-lhe tudo que quiseres. Sua voz ecoa por esse blog e ele é o mais puro dos refúgios que uma alma pode ter.
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