16 de maio de 2008

Killer

There's a killer on the road
His brain is squirming like a toad
Take a long holiday
Let your children play
If you give this man a ride
Sweet family will die
Killer on the road

Ana havia estragado a vida dele de uma forma tão brutal, que apenas com um ou dois anos de distanciamento foi possível ver o tamanho do estrago. Como uma grande cratera lunar, linda e sublime, estava Ana, no meio de sua juventude, puxando para dentro dela tudo que estava, inofencivelmente, à sua volta.

Ela sumira depois de detonar seu coração com explosivos Acme. Sumira por muito tempo. Apenas rumores. Ele buscava por ela todas as noites, em seus sonhos, pelos bares, pelos jardins. Até que, um dia, ele desistiu. Desistiu e rezou, em silencio, para que aquela velha sombra nunca mais voltasse a sua vida; para que ela sumisse no ar, que suas memórias a ignorassem, que suas cartas se queimassem sozinhas. Ele pediu, com fé, para que Ana nunca houvesse existido. E depois disso, viveu em uma semi-paz tranqüila, uma vida digna, com um caráter digno e pessoas não menos que espetaculares em seu entorno.

Mas suas preces não foram atendidas, e Ana voltava sempre que queria, como uma agulha no meio de sua garganta, como uma beata descrente em busca de Deus. Ana voltava sempre que lhe convinha apanhar no ar, mais uma vez, um papel de “assassina de Poe”.



Ana estava no seu sangue. como uma doença. como chuva. como a morte, que sempre esteve lá e que espera, pacientemente, sua hora de se manifestar.

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