(roubado de: jan saudek, o grande cara.)
31 de maio de 2009
A semana em que todas as coisas se desprenderam de mim
No domingo, uma pessoa a quem eu tinha como um amuleto, um amante e um irmão, disse-me que estava a ir embora. Naquele momento. E foi-se.
Na segunda amanheci vomitando, todas as coisas pretas que se prenderam no meu estomago: nicotina, cafeína, esmalte de unha, o próprio enjôo e o novo dia, o qual perdi, de ressaca.
Terça feira eu não bem lembro o que foi que foi embora, mas sei que se foi. Acho que uma certa esperança infantil nas pessoas e a crença na possibilidade de se tapar sol com a peneira.
Quarta – feira, já de madrugada, vinha um homem intruso a se meter nos meus espaços, e uma porção de palavras cheias de raiva se desprenderam de algum lugar do meu corpo e voaram feito pássaros nervosos para cima do sujeito. Foi muito bem feito.
Quinta – feira, magicamente, meu relógio de pulso que contava o tempo da minha vida já há um ano, caiu no chão e se quebrou todinho. Os pedacinhos de vidro atrapalhavam os ponteiros de seguir o caminho cíclico e insosso. Graças a deus. sei lá. O tempo às vezes cansa.
Sexta – feira eu perdi uma porção de coisas. Elas se desprenderam de mim outra vez, como as outras. Essas eu não consigo dizer muito bem; algo como o meu chão emocional, ou algum hormônio muito desestabilizante. A paz, o sono. Todas as minhas promessas de caminho, anos de terapia, auto- apreciação e orgulho. Foi uma lavada. Um fim. Um apocalipse que se realizou no meu microcosmo.
Sábado de madrugada meu celular se desprendeu de mim, levado por um rapaz que portava uma arma de plástico e me abordou na esquina de minha casa. Dessa vez foi engraçado.
Domingo...
Na segunda amanheci vomitando, todas as coisas pretas que se prenderam no meu estomago: nicotina, cafeína, esmalte de unha, o próprio enjôo e o novo dia, o qual perdi, de ressaca.
Terça feira eu não bem lembro o que foi que foi embora, mas sei que se foi. Acho que uma certa esperança infantil nas pessoas e a crença na possibilidade de se tapar sol com a peneira.
Quarta – feira, já de madrugada, vinha um homem intruso a se meter nos meus espaços, e uma porção de palavras cheias de raiva se desprenderam de algum lugar do meu corpo e voaram feito pássaros nervosos para cima do sujeito. Foi muito bem feito.
Quinta – feira, magicamente, meu relógio de pulso que contava o tempo da minha vida já há um ano, caiu no chão e se quebrou todinho. Os pedacinhos de vidro atrapalhavam os ponteiros de seguir o caminho cíclico e insosso. Graças a deus. sei lá. O tempo às vezes cansa.
Sexta – feira eu perdi uma porção de coisas. Elas se desprenderam de mim outra vez, como as outras. Essas eu não consigo dizer muito bem; algo como o meu chão emocional, ou algum hormônio muito desestabilizante. A paz, o sono. Todas as minhas promessas de caminho, anos de terapia, auto- apreciação e orgulho. Foi uma lavada. Um fim. Um apocalipse que se realizou no meu microcosmo.
Sábado de madrugada meu celular se desprendeu de mim, levado por um rapaz que portava uma arma de plástico e me abordou na esquina de minha casa. Dessa vez foi engraçado.
Domingo...
28 de maio de 2009
26 de maio de 2009
24 de maio de 2009
23 de maio de 2009
Did you kill the white man who killed you?
I'm not dead.
What name were you given at birth, stupid white man?
Blake.
William Blake.
Is this a lie? Or a white man's trick?
- No, I'm William Blake.
Then you are a dead man.
I'm sorry. I d-- I don't understand.
Is your name really William Blake?
Yes.
Every night...
and every morn',
some to misery are born.
Every morn' and every night,
some are born to sweet delight.
Some are born to sweet delight.
Some are born to endless night.
I really don't understand.
But I understand, William Blake.
You were a poet and a painter.
And now, you are a killer of white men.
You must rest now, William Blake.
Some are born to sweet delight.
Some are born to endless night.
I'm not dead.
What name were you given at birth, stupid white man?
Blake.
William Blake.
Is this a lie? Or a white man's trick?
- No, I'm William Blake.
Then you are a dead man.
I'm sorry. I d-- I don't understand.
Is your name really William Blake?
Yes.
Every night...
and every morn',
some to misery are born.
Every morn' and every night,
some are born to sweet delight.
Some are born to sweet delight.
Some are born to endless night.
I really don't understand.
But I understand, William Blake.
You were a poet and a painter.
And now, you are a killer of white men.
You must rest now, William Blake.
Some are born to sweet delight.
Some are born to endless night.
17 de maio de 2009
leitura de um espasmo: recorte colagem.
Como um passaro que vem furando o ar.
Tem toda a vida e sua incansável fortuna rolante. Tem todos esses aspectos e tudo muda tanto de figura de uma musica para a outra. as guitarras estraçalhando os músculos. Boas e más noticias, substancias ilícitas. Lícitas. Ilícitas. E um auge colapsar industrializado. Não se esgota. É uma gota que rola na folha e cai na ponta do meu nariz. Eu respirei fundo. Tinha uma canção que vinha do outro lado do mar. A lua pela metade era eu, pela metade, como sempre. E ainda virá o amanha para ser o meu amante. Um domingo solitário ou qualquer coisa assim. Às vezes o sol se esconde atrás das musicas densas e tudo fica cinza e lento. E é bom porque é assim que eu descubro que tudo pode parar um instante para deixar você acontecer, aonde quer que você esteja e seja quem for. Porque não há nada que seja o resultado de um processo. Todas as coisas guardam todas as outras coisas e tempos em si. Eu sou seu pai, sua mãe e seu futuro.
A morte é a invenção de um neurótico. As horas são ofensivas a si mesmas quando se contam: chapeleiro maluco e lebre no cio comem relógios no lanche da tarde. Sorte não ser chapeleiro, maluco, lebre, ou estar no cio.
-Quantos anos você tem?
-A qual parte de mim você está se referindo?
(tenho as pernas dos cavalos, o tronco de uma onça, a cabeça de um bode e o coração de um Homem.)
Aquele que passa perdeu-se de suas raízes. Ele era uma arvore e em paz vivia. Mas quis andar como os outros bichos. Arrancou-se do chão. Não pode mais viver, não tem alimento, mas ele não sabe disso. Nunca saberá. Agora ele anda assim, matando o tempo entre o agora e o momento em que será liberto.
- sei lá, como assim, você é transplantado?
- não... Eu sou um transplante... Muito bem sucedido, não se preocupe.
Uma vez eu ouvi uma musica que me disse que eu deveria ir submergir no mar gelado. Então eu fechei os olhos e o fiz. E era apenas isso o meu dever no mundo.
Uma vez eu quis sumir, morrer, apagar. E eu ainda quero. E é tão importante para mim quanto viver. Podíamos nos permitir viver outras formas de existência.
Meus pés, um dia, irão se descolar do chão e eu levitarei por cima do seu corpo deitado em minha cama, balançando como em um mar calmo. E meu coração vai se iluminar e sair de mim pela minha boca, e ficará ligado ao meu corpo pelas veias, que estarão passando pela minha garganta. E ele ficará batendo e espirrando um pouco de sangue na parede do meu quarto. E eu estarei sorrindo com os meus ossos. E nada mais ficará sem lugar no mundo.
- “If the doors of perception were cleansed, everything would appear to man as it is: infinite.”
Tem toda a vida e sua incansável fortuna rolante. Tem todos esses aspectos e tudo muda tanto de figura de uma musica para a outra. as guitarras estraçalhando os músculos. Boas e más noticias, substancias ilícitas. Lícitas. Ilícitas. E um auge colapsar industrializado. Não se esgota. É uma gota que rola na folha e cai na ponta do meu nariz. Eu respirei fundo. Tinha uma canção que vinha do outro lado do mar. A lua pela metade era eu, pela metade, como sempre. E ainda virá o amanha para ser o meu amante. Um domingo solitário ou qualquer coisa assim. Às vezes o sol se esconde atrás das musicas densas e tudo fica cinza e lento. E é bom porque é assim que eu descubro que tudo pode parar um instante para deixar você acontecer, aonde quer que você esteja e seja quem for. Porque não há nada que seja o resultado de um processo. Todas as coisas guardam todas as outras coisas e tempos em si. Eu sou seu pai, sua mãe e seu futuro.
A morte é a invenção de um neurótico. As horas são ofensivas a si mesmas quando se contam: chapeleiro maluco e lebre no cio comem relógios no lanche da tarde. Sorte não ser chapeleiro, maluco, lebre, ou estar no cio.
-Quantos anos você tem?
-A qual parte de mim você está se referindo?
(tenho as pernas dos cavalos, o tronco de uma onça, a cabeça de um bode e o coração de um Homem.)
Aquele que passa perdeu-se de suas raízes. Ele era uma arvore e em paz vivia. Mas quis andar como os outros bichos. Arrancou-se do chão. Não pode mais viver, não tem alimento, mas ele não sabe disso. Nunca saberá. Agora ele anda assim, matando o tempo entre o agora e o momento em que será liberto.
- sei lá, como assim, você é transplantado?
- não... Eu sou um transplante... Muito bem sucedido, não se preocupe.
Uma vez eu ouvi uma musica que me disse que eu deveria ir submergir no mar gelado. Então eu fechei os olhos e o fiz. E era apenas isso o meu dever no mundo.
Uma vez eu quis sumir, morrer, apagar. E eu ainda quero. E é tão importante para mim quanto viver. Podíamos nos permitir viver outras formas de existência.
Meus pés, um dia, irão se descolar do chão e eu levitarei por cima do seu corpo deitado em minha cama, balançando como em um mar calmo. E meu coração vai se iluminar e sair de mim pela minha boca, e ficará ligado ao meu corpo pelas veias, que estarão passando pela minha garganta. E ele ficará batendo e espirrando um pouco de sangue na parede do meu quarto. E eu estarei sorrindo com os meus ossos. E nada mais ficará sem lugar no mundo.
- “If the doors of perception were cleansed, everything would appear to man as it is: infinite.”
5 de maio de 2009
Chegar em casa é tão ruim quanto acordar. Tudo pinica e incomoda. O futuro é uma bola de miolo de pão, entalada na garganta. Quando ele abriu os olhos, durante uma noite confusa de sonhos e suores, e percebeu que nada iria sair dali, a não ser que dele saísse e se movesse pelo espaço uma vontade com matéria, quando ele isso percebeu... era uma bigorna que caía repetidamente no seu estomago. Era um erro, um desperdício, ele não queria viver. “a vida é isso mesmo, meu filho”, mas não era. Não para ele que gastara sua infância a sonhar com aquela vida que viria, mas que ainda estava para despertar. A adormecida, embriagada, ela nunca acordou. E com menos de 25 anos ele só quer uma conversa ligeira com o homem que varre a rua, pra saber se é isso mesmo pra pode pular fora sem remorso.
O que tinha gosto acabou, agora só tem doce de abobora para comer pro resto da vida. Ok?
Uma pedra pesava no peito. Deus o tinha feito uma promessa. Ele mentiu. Mentiu deslavadamente. Mentiu e não teve remorso. Mentiu.
Nem todos os cigarros do mundo vão calar a ânsia que esse estrago causou.
Não há nada do que se alimentar. Mesmo que os dedos comessem a formigar, e apodrecer, e a boca a tremer a querer os carinhos passados colecionados e mortos. Colocou as lembranças no museu debaixo de sua cama, onde também morriam homens e mulheres como ele mesmo. O tempo parou. Parou. O coração parou. Deixar de brincar de ser feliz não é fácil. Você primeiro tem de se olhar no espelho, nos olhos, e depois olhar pro mundo, e constatar.
. Tudo pinica e incomoda. O futuro é uma bola de miolo de pão, entalada na garganta. Você primeiro tem de se olhar no espelho, nos olhos, e depois olhar pro mundo, e constatar.
O que tinha gosto acabou, agora só tem doce de abobora para comer pro resto da vida. Ok?
Uma pedra pesava no peito. Deus o tinha feito uma promessa. Ele mentiu. Mentiu deslavadamente. Mentiu e não teve remorso. Mentiu.
Nem todos os cigarros do mundo vão calar a ânsia que esse estrago causou.
Não há nada do que se alimentar. Mesmo que os dedos comessem a formigar, e apodrecer, e a boca a tremer a querer os carinhos passados colecionados e mortos. Colocou as lembranças no museu debaixo de sua cama, onde também morriam homens e mulheres como ele mesmo. O tempo parou. Parou. O coração parou. Deixar de brincar de ser feliz não é fácil. Você primeiro tem de se olhar no espelho, nos olhos, e depois olhar pro mundo, e constatar.
. Tudo pinica e incomoda. O futuro é uma bola de miolo de pão, entalada na garganta. Você primeiro tem de se olhar no espelho, nos olhos, e depois olhar pro mundo, e constatar.
1 de maio de 2009
J
Faz menos de dois dias que você saiu por aí. Parece que estou sentada da mesma forma à meses, esperando você voltar, por qualquer motivo. Me pergunto como é que eu faço agora, que te quero e não te esqueço e cada suspiro escreve seu nome na parede branca da minha mente. Suas mãos ausentes. Onde foram? Tornozelos finos. Onde estão?
Será mesmo que perdemos o tempo que era de nós dois?
Eu não sei por que você insiste em dizer que se foi embora. Mas eu prefiro morrer a ter de agüentar a saudade que eu vou sentir de você. Vez atrás de vez, você diz que não haverá chance, que não haverá outra vez . Mas eu tenho que dizer, agora, que já te fiz feliz e que eu não posso prosseguir até que você volte pra mim.
Tenha seu tempo. Faça como queira. Aqueça as costelas e faça a barba. Vá beber com seus amigos. Jogue fora todo o lixo que acumulamos. Vá em frente. Vá em frente. Mas eu não vou te deixar. Vou fechar meus olhos e lembrar dos teus. Doces ainda. Antes das nossas ondas invadirem nossas matas. Eu vou pensar em você em cada minuto. Eu vou estar presente, com o meu nariz colado no teu, antes de você ir dormir essa noite e todas as outras. Não importa onde. Não importa se só ou acompanhado. Eu estarei lá. Aonde quer que você vá.
Estamos livres um do outro. Encontre-me (queira deus que sim), encontre-me na sua liberdade!!
Você vai ler isso e vai dizer que não. Eu sentirei um alfinete entrando na minha nuca, durante um ensaio qualquer, quando eu estiver pensando que eu gostaria de te encontrar dormindo quando chegasse em casa.
Queria contar essa historia de novo, com outras declinações.
Eu te amo, eu te amo, eu te amo. É a única coisa que eu tenho a dizer. Até eu encontrar um caminho para o nosso começo. Eu preciso fazer você ver que, de alguma forma, ainda posso te fazer feliz.
Eu ainda estou aqui.
Eu estou aqui.
E eu sou, ainda, o que você cisma em dizer que não existe mais.
Será mesmo que perdemos o tempo que era de nós dois?
Eu não sei por que você insiste em dizer que se foi embora. Mas eu prefiro morrer a ter de agüentar a saudade que eu vou sentir de você. Vez atrás de vez, você diz que não haverá chance, que não haverá outra vez . Mas eu tenho que dizer, agora, que já te fiz feliz e que eu não posso prosseguir até que você volte pra mim.
Tenha seu tempo. Faça como queira. Aqueça as costelas e faça a barba. Vá beber com seus amigos. Jogue fora todo o lixo que acumulamos. Vá em frente. Vá em frente. Mas eu não vou te deixar. Vou fechar meus olhos e lembrar dos teus. Doces ainda. Antes das nossas ondas invadirem nossas matas. Eu vou pensar em você em cada minuto. Eu vou estar presente, com o meu nariz colado no teu, antes de você ir dormir essa noite e todas as outras. Não importa onde. Não importa se só ou acompanhado. Eu estarei lá. Aonde quer que você vá.
Estamos livres um do outro. Encontre-me (queira deus que sim), encontre-me na sua liberdade!!
Você vai ler isso e vai dizer que não. Eu sentirei um alfinete entrando na minha nuca, durante um ensaio qualquer, quando eu estiver pensando que eu gostaria de te encontrar dormindo quando chegasse em casa.
Queria contar essa historia de novo, com outras declinações.
Eu te amo, eu te amo, eu te amo. É a única coisa que eu tenho a dizer. Até eu encontrar um caminho para o nosso começo. Eu preciso fazer você ver que, de alguma forma, ainda posso te fazer feliz.
Eu ainda estou aqui.
Eu estou aqui.
E eu sou, ainda, o que você cisma em dizer que não existe mais.
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