5 de maio de 2009

Chegar em casa é tão ruim quanto acordar. Tudo pinica e incomoda. O futuro é uma bola de miolo de pão, entalada na garganta. Quando ele abriu os olhos, durante uma noite confusa de sonhos e suores, e percebeu que nada iria sair dali, a não ser que dele saísse e se movesse pelo espaço uma vontade com matéria, quando ele isso percebeu... era uma bigorna que caía repetidamente no seu estomago. Era um erro, um desperdício, ele não queria viver. “a vida é isso mesmo, meu filho”, mas não era. Não para ele que gastara sua infância a sonhar com aquela vida que viria, mas que ainda estava para despertar. A adormecida, embriagada, ela nunca acordou. E com menos de 25 anos ele só quer uma conversa ligeira com o homem que varre a rua, pra saber se é isso mesmo pra pode pular fora sem remorso.
O que tinha gosto acabou, agora só tem doce de abobora para comer pro resto da vida. Ok?
Uma pedra pesava no peito. Deus o tinha feito uma promessa. Ele mentiu. Mentiu deslavadamente. Mentiu e não teve remorso. Mentiu.
Nem todos os cigarros do mundo vão calar a ânsia que esse estrago causou.
Não há nada do que se alimentar. Mesmo que os dedos comessem a formigar, e apodrecer, e a boca a tremer a querer os carinhos passados colecionados e mortos. Colocou as lembranças no museu debaixo de sua cama, onde também morriam homens e mulheres como ele mesmo. O tempo parou. Parou. O coração parou. Deixar de brincar de ser feliz não é fácil. Você primeiro tem de se olhar no espelho, nos olhos, e depois olhar pro mundo, e constatar.
. Tudo pinica e incomoda. O futuro é uma bola de miolo de pão, entalada na garganta. Você primeiro tem de se olhar no espelho, nos olhos, e depois olhar pro mundo, e constatar.

Nenhum comentário: