eu levanto. antes é no corpo. eu levanto e só depois abro os olhos. eu não penso em nada. eu penso acordei, e agora?
estou com um tipo de amnésia do despertar, confusão pós sonho.
eu prendo o cabelo.
eu penso ir ao balde, lavar o rosto. eu penso caminhar até a ponta esquerda no quarto e vou. a realidade toda coagulada tentando se manifestar nas coisas. eu penso tomar café.
eu penso, quem mais? quem mais está envolvido nisso?
eu sento na cama. a rua azulada da manhã brilhando atrás da cortina.
as açoes do dia estão se manifestam em volta de mim. são movimentos. movimento retilíneo segmentado, mal articulado, de respiração entrecortada e uma leve dor no peito - esse é o movimento da manhã. tudo pára, engasga, de manhã. abrir a porta - girar, puxar, girar. e no andar o corpo parece meio sem jeito. e o ônibus com seus atravancos. e nessa hora o sol já começou a ficar esperto e o pescoço sua um pouco, e eu tiro o casaco.
as vezes eu nem ponho casaco.
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