6 de dezembro de 2010

prazeres

meu corpo está cheio de drogas e eu não consigo me comunicar muito bem. alguns tem alergias, febres.o corpo expelindo ação todo o seu excesso. eu não. eu fico aqui assim, opaca, imóvel, com sutis desconfortos, grandes epifanias inverossímeis, uma música na cabeça: essas coisas que parecem morrer assim que são, que não ecoam. as vezes eu sinto que vou parar de existir. não desaparecer. não sumir. nem deixar. parar. parar de existir, sem nenhum alarde, nenhuma reverberação. eu vejo uma tira de papel manteiga ao lado do meu pé, bem ao lado. eu estou lá parado. eu deixo de existir. a folha está lá, e não se moveu nem um centímetro. assim.
e ao mesmo tempo, tudo se movendo como se o mundo tivesse trepando consigo mesmo. sexo, sexo. os olhos das pessoas, úmidos, se movendo de um lado pro outro. risada, brigas. as pessoas ás vezes suam irritação aqui. às vezes elas suam suas próprias, únicas, infinitamente singulares razões.
 
a vida, esse espacinho de tempo, escapa todos os dias. e é incrível quando ás vezes mostra a sua cara. eu diria que é uma máscara neutra, que as feições mudam a cada micro segundo, numa pulsação misteriosa.
assim que é, deixa de ser.

Um comentário:

Anônimo disse...

desfiguri