9 de novembro de 2012


Sou como uma aranha pequena em um banheiro rico. Todas as superfícies brancas-escorregadias golpeiam o destino. Vejo-me refletida. Coloca ali as patas finas. Geladas, mudas e refráteis. Tento aquela e não posso. Me viro, ando. Há mais uma. Tento e não posso. Esqueço-me da primeira. Me viro e tento-a novamente. Não posso. E assim por diante.  Não sei quando terminei pois perdi o interesse e parei de me olhar.   
Em todo o espaço a minha frente há uma enorme pessoa como eu. ela é o próprio lugar, o ar e toda sua matéria. Parece que não é nada, mas é um enorme corpo de pessoa gigante. Quando estou olhando o vazio, na verdade estou olhando para este rosto mudo que me olha de volta. Não temos nada a dizer um pro outro ainda. Quando olho o vazio espero a palavra deste rosto mudo como o meu. Compartilhamos todos os momentos de nadas enormes, gigantes como o corpo. o corpo é gigante pois nele tem que caber todo o nada e todo o silencio que sustenta pela eternidade. O rosto mudo de nariz gigante colado ao meu nariz molhado. Respiramos a brisa humana secreta um do outro. Será que ele guarda meu segredo? Quando será que ele vai abrir a grande boca para me soprar o destino? Será que ele vai me engolir ao invés disto? Abre a boca, rosto. Quero ver o que há por dentro do futuro.

Nenhum comentário: