Morremos. Não mais ansiedade, não mais medo. Tudo havia saído como esperado, todos nós sabíamos
no que aquilo tudo daria. O motivo foi o excesso. Apostamos todas as fichas em
um pouco mais de felicidade, sempre um pouco mais de embriaguez, sempre um
pouco mais. Não mais arvore, não mais
terra, não mais dia e noite. Morremos. Respiramos fundo demais, nos afogamos em
oxigênio. Tudo estava cheio demais de tudo. Não suportamos o tanto. Tanto que não
podíamos nem mais dizer o quanto, em uma aspirada boa pela boca e pelo nariz ao
mesmo tempo tragamos a terra. A terra dentro de nós não coube. Morremos. Nada mais de linguagem, nada mais de pausa,
nada mais e palavra, nada mais de corte.
Hoje é tudo contínuo. Nada mais. Tempo e espaço misturados, as paralelas
se encontraram neste ponto infinito aqui, agora, como suportar a densidade da
hora agora do tempo agora do espaço infinito agora do tudo junto? O cadáver. Dentro
do cadáver a terra. A terra se refaz, biparte células, cria tudo de novo, ontem
e amanhã, no interior do cadáver, entre as costelas do cadáver a árvore. Não mais
ansiedade, não mais tempo, não mais pedaço. O corpo humano resiste em sua
forma, não explode, sucumbe na tentativa da contenção. Morremos. De tempestade
solar, de inundação, de fome, de ressaca. Não mais narrar.
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