Coisas que eu nem sei contar, de mim pra mim, no ouvido
Problemas de pele é uma questão com a criança interior. Não
está conseguindo brincar. Onde ela está? Sumiu para debaixo do escorrega, não voltou
mais.
Agora fervo na ausência. Fervo no meio dos peitos dela.
Segurando algo entre os dentes. Segurando algo nas mãos. Não
pode perder, não pode largar, não pode esquecer.
Do quê? Ficou a memória do que não podia. A memória da mão –
perder. A memória dos dentes- segurar. Comida
invisível. Primavera que já está dentro e fora da minha boca, e para ficar... E mais? O que eu tenho para abandonar?
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Manifesto do som branco
A cidade se movimenta como um animal com fome.
Montada em Cronos, o tempo do anticristo, ela come!
Longe daqui, eu sei, vibra a luz rosa.
Dentro de mim eu sei, vibra a luz rosa!
Peço a Deus: o infinito que me couber.
Que limpe meus ouvidos para que por detrás dos rugidos
eu consiga identificar o som branco da imortalidade amor.
Afasto no sopro o medo do não;
afasto no sopro o peito
fechado.
E o nada obsoleto que é querer dar certo.
Eu estudei para as mil possibilidades,
nasci para o que ainda não está
para aquilo que nos
liberta e um horizonte que nos oriente.
Para ganhar espaço no corpo,
para expandir - sorriso e luz. Flor de novidade!
Regozijo ao saber do que arde.
Na ponta do dedo: plantar.
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