3 de agosto de 2015

nome

O automóvel deslizando sobre asfalto liso numa noite fresca fria sob lua cheia, estrelas, enormes arvores. Uma vagina escondida entre duas coxas, no assento do meio do banco de trás.  Sete cabeças, com mais ou menos cabelo, organizadas destribuindo o espaço dentro desta caixa em movimento. Partícula sexual em transito. Fluxos de cores neon sendo respirados e expirados através da vagina, escondida. Fingia nao existir. Era como um filhote de carneiro sob folhas de bananeira. Os lobos fingem que ele que não está ali. E ainda assim, ele é tudo o que há. Cada célula atenta para ela. Farejam no ar sua exata localização. As coxas fechadas como que querendo fazer desaparecer  o orifício. Não é nada como afeto ou devoção que acontece, muito mais baixo que isso, densamente se deseja, não tem nem nome. A vagina é o canal do desejo e não o desejo em si. Não é nada com ela, que só guarda a passagem para um instante de realizações galácticas, que purifiquem o corpo de tamanha boçalidade, tamanha cotidianidade, tamanha animalidade, tamanha falta de sentido.

Os falos são perigosos pois não sabem que buscam, e buscam sempre o que não sabem. E a partir disso, dessa matemática, o que eles tem ao alcance se transforma, por mais complexo que possa ter sido, por mais sutil, transforma-se em matéria sem nome.
Apenas o nome pode salvar uma vagina no mundo dos baixos quereres.   

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