25 de dezembro de 2015

Bacterianos nós

Pessoas ruínas entrelaçadas, partes pesadas, outros quereres. atrás disso tudo, dessa linguagem de afazeres: é o egoísmo que nos fala. Cresce o estômago de si, cresce o buraco do estômago de si. Como Ubu, suga espaços, suga almas, engole até a metafísica. Pessoas ruínas  tragam e são tragadas, fogem sem olhar pra traz, impõem as vontades de seus buracos. Não ouvem, não falam, soterraram corações, não sentem os pés, tem fome, sempre fome, tem cabresto, tem afeto ao contrário. tem muito sono, sem sonhos, acordam cansadas, precisam se livrar de si em miniaturas, em gozadas, na exaustão da fala, no projeto invasivo, no ser invasivo que é, que sempre foi, que será até que morra, e vai morrer pelo estomago, comer-se, devora-se  por dentro, tornar-se si mesmo tantas vezes, e a cada vez menor do que era, até então virar brinquedo de si, esse pequeno ego cego, gritando, sozinho, com frio, tal qual um recém nascido cujo a única tarefa no mundo é multiplicar-se.
Bacterianos nós.
Deu-me canseira, cansaço, mormaço interno, tipo enjoo, sabe como é
Como um verão carioca dentro da barriga - fede,  derrete, entra pelo bueiro, é comido por asquerosas baratas, e fim. O verão acaba assim. Antes da acabar, por não suporta-se mais. No ultimo mês, antes do outono, já não existe mundo. Vagamos pela gravidade zero da espera. Já não queremos mais nada. O numero do ano nunca importou, tempo é cíclico. Eu chegando as trinta e minhas mãos infantis querendo dar-se a outras, enrugadas, caminhos profundos,para seguir caminho.


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