O rio de janeiro queima debaixo do sol de marte. Enfurnada no corpo a alma escapa, no suor, e
toma o longo e lindo espaço vasto do verão.Onde moram tardes sexuais nos lagos
envolvidos nas areias finas.Meu mapa não revela a localização do desejo , sem
coordenadas, me estiro na sombra para mais um cochilo. Sonho México e Frida
Caloh. Tucanos e mosquitos. Verde musgo, lesma e ervas daninhas, o leito de um
rio com jacarés, o medo do escuro morno. Tudo isso de uma só vez. Ampola noite
de verão, que se antecipa. Arrasta todas as dores – os sentimentos evaporados
negam palavra de ordem. Cinética poesia do caos. Escorro saliva no pescoço, dos
beijos lascivos, as peles grudando lençóis, as estrelas contra céu da tarde,
ave Maria nos sinos desta velha cidade nova. Há em todo canto um pedaço de
ontem, do ano de ontem, do século de ontem. Longas horas de historia na
memória, imagens gravuradas nas paredes de dentro da carne. Hoje não há
refugio, é primavera escarlate, ipê vermelho germinando um raio de metros
extenso, a fertilização selvagem, naturais germinações imorais. tudo trepa.
Tudo goza. Tudo sente no corpo a falta do que ainda não veio. Doçura pesada
essa do tempo. Cavalgando sem sela na vida, pelo pasto insolação. Eu tinha um
compromisso comigo mesma até que me esqueci que eu existia. Ninguém cobra. Sou
anciã quase sem corpo. Vivo nos espaços, solta. As vezes pouso. Devo acreditar
nesta santidade do não eu. Nunca tive um nome. Aqui dentro eu surfo nas
ondulações milimétricas de tudo o que há. Não quero perder nem mais um segundo
tentando falar disso com você.
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