Disritmia
Disritmia surda que me come o peito
Que me faz doente
De um corpo que nem a própria pele pertence
Corpo errante, manco e vago
Que a terra cospe em desagrado amargo
-Onde ficas tu, homem deserdado, homem desterrado
Se nem a estrada te abriga, o céu lhe lança facas?
Onde dormes tu, se nem a noite lhe apanha nos braços?
E onde vai assim, tão determinado
Se cada passo evidencia mais o teu estranhamento?
Onde leva a tua luta?
O que colhe, o que semeia?
Se só vaguei pelo mundo, como um filho que a nada torna?
Deixaste um grão em cada canto, e nunca vai erguer florestas.
E és estranho em todo ponto.
És estanho principalmente quando frente ao espelho despeja teu desencanto.
Gosto amargo, amargo e forte
Um motim na alma e pernas bambas
Procura enfurecido por um amor quebrado
Que te permita medir teu afago
E não tem sonhos esse guerreio
Que a nada quer vencer e em nenhuma guerra morreu
Sangra o peito
Sangra a mão
Sangra o mundo enquanto anda
Sangra o sangue em veias abertas
Sangra e nunca morre
Mas não sangra de bala
De ferida aberta e não cicatrizada
Sangra o homem enquanto anda, sangra o seu andar
Sangra a solidão e o apego a nada
Sangra de saudade e de compaixão
Sangra de burrice, de incerteza e apenas sangra
Sangra o homem enquanto anda.
Um comentário:
Lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Postar um comentário