Vemos-nos nascidos: amores dentro de lagrimas. Eu, que não sabia nadar, me afoguei até esgotar-me. Eu, que queria crescer semente, arvore e flor, acabei-me na seiva do que me alimentava, apaixonei-me e nela me tornei algo que não eu, mas o meu próprio alimento. Tivemos a nós, um ao outro, você sabe. E eu,que queria casar-me a ti, divorciei-me de mim, e me tive, enfim, plenamente só. Mas há os momentos ( se eu não posso chamar de constância amalgamada à existencia) em que senti falta de nosso berço e pude ver o cinza das vidas voando pra longe, enquanto carregava o seu coração bem colado ao meu. O meu peso duas vezes, quatro, quanto forem as vezes que nossos corações se encontraram em algum lugar de minha imaginação ou anseio.
Perdi-me nesses pensamentos flutuantes, ventados nas minhas orelhas e vistas. Escrevi-te em mim, tantas vezes. Afinal, tenho meu corpo que mal cuido e mal olho, mas que de ti é esposado ao sempre eterno. Será sorte o que me encontrou no escuro, quando buscava açúcar nos cantos da sala? Será você, que me cuida de longe como meu santo? Quero mostrar-te meu olhar. Olhe em mim, veja-te respirar. Sou pouco mais que essas palavras que aqui estão. Sou nada que não o que te quer bem. sou eu mesma sua santa enjaulada no teu destino, que vou cuidar como um filho, que vou tomar no colo e secar amarguras. Não sabia que a vida me reservaria tão grande amor em lembranças vivas. Não sabia.
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