8 de maio de 2010

Vamos falar. É muito gostoso falar alguma coisa. Qualquer coisa, principalmente aquelas coisas que grudam direitinho no seu contorno externo. Tipo quando você cospe alguma coisa. Grudenta. Que estala num clerk bem na cara da outra pessoa e você: grudou direitinho. Porque os olhinhos da outra pessoa de repente se apagaram – tipo entrou uma tela branca por trás – e por trás do dente saiu um vento azul. E o corpo ficou vazio, tremendo por aí, andando de lá pra cá feito um brinquedinho de corda, esbarrando nas paredes e nas pessoas e não tendo noção nenhuma de si mesmo. É bom quando de fala alguma coisa que gruda direitinho no seu recorte episterno.
Bebendo água glup glup e pensando sempre a mesma coisa. Naquilo, aquilo, aquilo outro. Todos os pensamentos são como velhos familiares que você tem que ouvir reclamar pela manhã do domingo porque é dia de alguma coisa que já não importa para você e para os seus contemporâneos mas você tem que estar ali porque alguma disse que se você não estivesse isso ia querer dizer um monte de coisas, mas são todas mentira.
Grandes Mentiras: todas as verdades, até as mais verdadeiras, que você julga eternas. Essas são as maiores mentiras.
O dia passa que nem um peixe no fundo do mar. Só o peixe é de água rasa e o esse local do mar, como diz o próprio nome, é fundo. Aí não se enxerga nada, só tem sensações sibilantes que podem ser deus ou o diabo e isso você nunca vai saber.
Como se pode escolher esquecer uma coisa?

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