12 de março de 2011

Você parece uma musica. Toda uma atmosfera que se aproxima de mim e me acalma. Você me lembra um bom dia. Uma eterna paisagem de montanhas. É bom deslizar na superfície das coisas, boiar nas intensidades das cores, do vento, de tudo isso que parecia estar escondido do mundo até você chegar. E tomar o mundo deles, pedir para que parassem, para que não fizessem tanto barulho. Baixinho, deslizando os dedos pelo meu rosto devagar, cantou o meu nome ancestral. E eu me reconheci ali, plena, como um deserto completamente morto.


Falando comigo pelos olhos, eu queria dizer pra você que tudo isso só era possível, todo esse bem, só era possível porque você fez o fluxo do vento e das terras passar bem pelo meio do meu peito. E o meu corpo inteiro respirou pelo coração, e eu pude sentir tocar a minha pele o sangue doce do mundo.

Insetos coloridos voavam em volta das lâmpadas. Antes deste momento, eu não podia apenas continuar. Ali era o limite dos meus sonhos. Caldo, algodão, coisas suaves deslizantes, essas caricias do universo, nada disso havia. As coisas de pedra, cimento e plástico são agudas e afiadas, seguem sempre cortando nossos corpos, veja nossas cicatrizes.

Podemos ser assim para sempre. Sermos o sorriso de deus. De todos os deuses em um banquete sob a lua. O som de todos os rios correndo juntos. A baleia azul quase imóvel pulsando sob a reta do infinito azul.

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