1 de maio de 2009
J
Será mesmo que perdemos o tempo que era de nós dois?
Eu não sei por que você insiste em dizer que se foi embora. Mas eu prefiro morrer a ter de agüentar a saudade que eu vou sentir de você. Vez atrás de vez, você diz que não haverá chance, que não haverá outra vez . Mas eu tenho que dizer, agora, que já te fiz feliz e que eu não posso prosseguir até que você volte pra mim.
Tenha seu tempo. Faça como queira. Aqueça as costelas e faça a barba. Vá beber com seus amigos. Jogue fora todo o lixo que acumulamos. Vá em frente. Vá em frente. Mas eu não vou te deixar. Vou fechar meus olhos e lembrar dos teus. Doces ainda. Antes das nossas ondas invadirem nossas matas. Eu vou pensar em você em cada minuto. Eu vou estar presente, com o meu nariz colado no teu, antes de você ir dormir essa noite e todas as outras. Não importa onde. Não importa se só ou acompanhado. Eu estarei lá. Aonde quer que você vá.
Estamos livres um do outro. Encontre-me (queira deus que sim), encontre-me na sua liberdade!!
Você vai ler isso e vai dizer que não. Eu sentirei um alfinete entrando na minha nuca, durante um ensaio qualquer, quando eu estiver pensando que eu gostaria de te encontrar dormindo quando chegasse em casa.
Queria contar essa historia de novo, com outras declinações.
Eu te amo, eu te amo, eu te amo. É a única coisa que eu tenho a dizer. Até eu encontrar um caminho para o nosso começo. Eu preciso fazer você ver que, de alguma forma, ainda posso te fazer feliz.
Eu ainda estou aqui.
Eu estou aqui.
E eu sou, ainda, o que você cisma em dizer que não existe mais.
26 de abril de 2009
raul seixas
E no terceiro, o hiperativo responde com as vassouradas rítmicas no carpete. Ele não está gostando de limpar a casa outra vez. Ele não está gostando do que faz. Ele pôs leite pros gatos, e depois esvaziou os potes e depois pôs mais leite pros gatos. Os gatos estavam dormindo e nem notaram. Foi construído um muro de 6 metros no meio da cidade. Seis metros de altura e um e meio de largura. Agora as pessoas pensam que não podem passar pro outro lado. Olha o muro que me impede! Olha o muro que nos divide! E todos querem martelar o concreto, mas ninguém abre mão de olhar os tijolos de tão de perto!
Essa historia está me deixando enjoada. Eu estou esvaziada. Rima com rima, nada por nada.
Termine esse post à mão, em casa.
22 de abril de 2009
ANFIGURI
Eu não tenho nada pra dizer. Eu não tenho nada pra dizer. Eu não tenho naaaada pra dizer.
Emoções e coisas que ela disse, vão cair e desaparecer em um lugar escuro.
Sangue escorrendo pelo buraco da fechadura do quarto dos pais. Lá fora tudo escuro. Ar gelado entra e refresca a sala de estar de dentro do meu estomago. Lembro quando imaginava lobos uivando no alto da colina na frente da casa.
O elefante no deserto anda lentamente, pausadamente, arrastando atrás de si uma concha do dobro de seu tamanho. É a sua casa. Ele não sabe que não precisa dela. Depois ele morreu de sede. Que nem eu. Eu vou morrer de sede. E virarei apenas casca. Quando um urubu vier comer minha carne morte ele ficará decepcionado ao encontrar nada. Só pele seca, e dentro dela um bilhete: “foi mal.” Sempre tive piedade nas minhas palavras.
Esperando vir alguém esperto para me mostrar o caminho.
Dean morreu, bêbado e cocainado, nas estrelas, sorrindo.
Foda-se tudo.
Foda-se.
Eu vou olhar pra televisão. “acho que essa é a solução”.
23 de março de 2009
Ela fez um café pela manhã. Choveu sobre a casa durante toda a madrugada. E o Fernando Pessoa repousado sobre a estante - servindo de superfície para as poeiras dos amanhas já incontestáveis- fitava-a de canto de olho, e sorria de ironia.
No passado pensara em morrer, mas foi um plano frustrado. Virou palhaça ou algo assim.
Suspirou como se gritasse a um amigo agora distante: -“o que vê daí? Você me vê?”, o ‘e’ se alongando pelo ar, pousando por fim numa grama úmida. Ela sentiu saudades agudas. O coração já almofadado, por precaução, parecia não responder. O sentimento ficou preso lá, se debatendo por alguns momentos. Acredito que tenha adormecido em seguida, para depois vir novamente despertar para saudar uma outra manhã cinza.
O que ontem foi um pranto hoje era só silencio. A casa respondia com seus ruídos carinhosos.
Há tempos não completava uma frase sem que antes pudesse julgá-la imoral ou terrivelmente idiota. Essas coisas acontecem com os jovens, creio. Mas é uma fase. Em breve ela poderá dizer o que for sem se repreender – o que não significa que serão frases menos imorais ou idiotas.
Mas havia algo nessa garota – Ana, seu nome- que se parecia com uma total inabilidade de fazer o que todo Homem se deve: desfrutar. Deixar a vida banhar a pele.
E lá estava ela. Suas manhãs atordoadas pelo porvir do dia que só de sua vontade dependia, mas ela nada queria.
Queria assim, para dizer às amigas que queria isso ou aquilo, afinal todos querem sem importar o quê. Mas quando estava a sós consigo, quando fechava os olhos para procurar-se, ela tremia de pavor e agonia ao ouvir apenas os ruídos da casa.
É isso que se chama solidão. Estava ela sozinha de si. Não podia contar-se no mundo. Não era dela aquele lugar ou aquele corpo. Uma estrangeira. Uma ladra. Era isso o que era, com seu café trêmulo, com a agonia do Estar. Não queria. Não queria tanto quanto uma criança não quer comer feijão com arroz.
(Eu não sei dar nome às coisas. Não sei manter contato. Não sei ser o meu caminho e outro caminho eu não quero.
O que pensa você do que digo?
Porque quando se sobe alto no avião indo para outro sentido, o coração fica amarrado na terra, e puxa o peito pra baixo, dá falta de ar. Não é mesmo mentira. E nem saudade dos outros. É medo de não se reencontrar quando descer nesse outro lugar.
Eu não encontro o caminho e assim a minha energia se acaba. Vivo pedaço de lixo no canto de algum lugar. Esquecido. Mas eu não quero.
Eu mandei a Ana ir embora. Ela está muito longe de mim agora. Talvez ela tenha roubado meu caminho, guardado ele em sua mochila azul. Ou fumado ele, dentro dos cigarros com gosto de isso e aquilo que ela botava pra dentro como bala.
Essa cleptomaníaca roubou o meu canal de comunicação comigo mesmo. Roubou minhas palavras mais sinceras, mais intimas e mais doídas. Ela tinha tudo isso na bolsa que usava quando eu a olhei bem fundo nos seus olhos e disse: “Você é um sonho, sua escrota. Você não é real. Pare de me confundir.” Ela riu. Achou graça. Riu docemente e ajeitou os cabelos para trás das orelhas. Quando pude encontrar novamente seus olhos, eu gritei: “ Vai embora. Agora.”
E ela foi.
Calçou as botas, acendeu um cigarro e soltou a baforada em direção ao teto. Eu me virei um instante para pegar as chaves da casa e quando retornei... a fumaça descia lentamente e empestava o quarto com aquele cheiro, criava uma cortina envolta das lâmpadas do lustre, e,é claro, em três segundos a porta da casa batera. A porta do inferno que se abre para as almas de passe livre e depois se fecha novamente, para o resto apodrecer lá dentro.
Eu pude imaginar ela ganhando as ruas com suas longas pernas, passos largos e retos que dissimulam sua total falta de noção do caminho a seguir.)
Ana não queria comer feijão com arroz, então tomava o café.
4 de março de 2009

Os nossos pais debruçados sobre nós, e nós de olhos fechados, sentindo o peso dos olhares.
O quadro no quadro retrata o segundo preciso do agora lá. O segundo preciso do agora aqui não tem nada a ver, apesar de ser o mesmo, em algum nível de consciência entre planos.
Cama bloqueando a porta é sintoma de auto repressão e acuamento perante o mundo. Insegurança. Entende, Van Gogh? Você precisa de um acompanhamento psicológico, senão psiquiátrico. Além disso, você tem esse olhar sinistro. E é ruivo.
25 de fevereiro de 2009
J.
Se me deixa só, eu perco a idéia sobre mim mesma. Posso ser grande demais, pequena demais, não importa. Sou invisível se você não me vê.
E então não importa aonde vou ou o que faço. Não importa nem mesmo o meu prazer. Eu quero te perguntar aonde vamos e o que vamos fazer. E que você me explique em detalhes como será tão boa a nossa tarde.
E que não importa se sou filha bastarda, se eu não tenho sentimentos, se eu estou perdida. Que não importa do que eu me esqueci e as minhas imprecisões sobre o mundo. Que simplesmente não vamos nos importar com nada que não seja a certeza de que estamos ali.
Smashing pumpkins acústico, Nirvana, vinho bom e muitos beijos. Estou morrendo de saudades.
8 de fevereiro de 2009
if you say so
mas parece que nao tenho outra opicao se nao continuar respirando
porque, afinal, chega de querer morrer.
eu nao estou matando ninguem. e eu nunca tentei te matar. voce realmente acha que somos assassinos natos? eu bem sinto uma dor aguda muito muito profunda quando me vem com suas incerte as, eu sei como eh, nao precisa nem di er. se acha melhor soh esquecer, e isso for te aliviar o peito e te abrir pro mundo, preencher os dias ocos... entao va em frente e esqueca, e nao pense em mim mais em nenhum momento.
mas se nao, se eu produ ir dentro desse seu coracao alguma coisa doce. por favor, avise.